Em um dos momentos mais delicados da história recente do Judiciário de Mato Grosso, informações obtidas pelo jornalista investigativo Enock Cavalcanti apontam para a iminente deflagração de uma operação de grande envergadura pela Polícia Federal, com o objetivo de investigar supostas práticas de corrupção envolvendo advogados, magistrados e funcionários do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Fontes próximas às investigações indicam que a operação, potencialmente denominada "Bandidos de Toga", poderá mobilizar até 200 agentes federais em uma série de buscas e apreensões em escritórios e residências, revelando o que pode ser um dos maiores esquemas de venda de sentenças judiciais no país.
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A operação é um desdobramento das investigações sobre os assassinatos dos advogados Roberto Zampieri e Renato Gomes Nery, casos que abalaram profundamente a comunidade jurídica local. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sob a liderança do ministro Luís Roberto Barroso, já havia iniciado uma série de ações disciplinares contra magistrados do TJMT, resultando no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes e João Ferreira Filho. Esses afastamentos, conforme informações de Cavalcanti, são apenas o começo de um movimento mais amplo, que pode atingir outros membros da corte e diversos operadores do Direito no estado.
O celular que abalou o judiciário
O pivô das investigações é o telefone celular de Roberto Zampieri, assassinado a tiros em frente ao seu escritório em Cuiabá no dia 5 de dezembro de 2023. Segundo Cavalcanti, o aparelho contém registros incriminadores que revelam um esquema organizado de venda de decisões judiciais, no qual Zampieri atuava não apenas como advogado, mas também como uma espécie de lobista no TJMT. A preservação do aparelho, apesar de várias tentativas de destruição, inclusive por parte de pessoas próximas ao advogado, permitiu que as autoridades acessassem um vasto acervo de provas, entre fotos, vídeos e mensagens, que agora sustentam as investigações.
De acordo com as apurações, as revelações contidas no celular levaram à suspeita de que Zampieri mantinha relações próximas com diversos magistrados, incluindo os desembargadores Moraes e Ferreira, que teriam recebido vantagens indevidas para decidir processos de acordo com os interesses do advogado. Essas relações, que se desdobravam em benefícios financeiros e presentes de elevado valor, colocaram os magistrados sob a mira do CNJ, resultando em seus afastamentos preventivos.
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A ação do CNJ e o impacto nacional
A decisão do corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, foi enfática ao afirmar que há indícios de "graves faltas funcionais" e que as investigações revelam uma proximidade "incomum" entre os magistrados e Zampieri. Salomão, ex-promotor e ex-desembargador com vasta experiência no combate à corrupção, solicitou a devassa das contas bancárias dos envolvidos e requisitou documentos sigilosos às autoridades fiscais e monetárias para aprofundar as apurações.
Ainda segundo Cavalcanti, o Ministério Público Federal (MPF) já teria solicitado ao CNJ a realização de uma operação de busca e apreensão para recolher provas adicionais que possam responsabilizar os envolvidos nos esquemas de corrupção. A expectativa é que essa operação, que poderá ocorrer nos próximos dias, envolva não apenas a Polícia Federal, mas também o apoio das Polícias Civil e Militar de Mato Grosso e de outros estados, dada a possível extensão do esquema corrupto para além das fronteiras mato-grossenses.
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Os desdobramentos esperados
A operação em preparação, conforme relatado por Cavalcanti, deverá focar em quatro grandes grupos: desembargadores, juízes, advogados e os beneficiários das decisões judiciais fraudulentas. Esse esforço investigativo visa não apenas responsabilizar os envolvidos, mas também restaurar a confiança no sistema judiciário do estado, que se vê profundamente abalado por essas revelações.
Enquanto a sociedade mato-grossense aguarda por desdobramentos, a operação "Bandidos de Toga" promete ser um divisor de águas no combate à corrupção no Judiciário brasileiro, reafirmando o papel do CNJ na fiscalização das atividades judiciais.
A qualquer momento, novas informações podem surgir, aprofundando o que já se configura como uma das maiores crises do Judiciário em Mato Grosso.
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