A Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação, do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), esclareceu esta semana, em reunião com cientistas especializados no Bioma Pantanal, que não faz parte do atual projeto de hidrovia do Rio Paraguai a realização de dragagem de aprofundamento no chamado Tramo Norte, entre as cidades de Cáceres e Corumbá. A preocupação dos pesquisadores e ambientalistas foi descartada pelo secretário Dino Antunes, que convidou o grupo a acompanhar todos os projetos de hidrovias que estão em estudo.
“Estamos falando de um sistema de transporte altamente sustentável. Não faz sentido bloquear qualquer solução de hidrovia sem o conhecimento dos projetos e de seus impactos ambientais”, afirmou o secretário de Hidrovias, que pretende realizar reuniões periódicas com o grupo.
Participaram da reunião a diretora de Sustentabilidade do MPor, Larissa Amorim, e a pesquisadora da Embrapa Débora Fernandes Calheiros, assessora da Ministério Público Federal em Corumbá, que assina a Carta Aberta enviada aos governos Federal e dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Segundo Dino, o trecho de 680 quilômetros entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS) continuará a ser utilizado apenas por embarcações de pequeno e médio porte, que não envolvem o transporte de grandes quantidades de carga, evitando assim impactos na planície de alagamento do Pantanal. O tramo Norte possui diversas ilhas fluviais e excesso de sinuosidade, possuindo uma profundidade que varia entre 1,80 m e 3 metros.
A preocupação dos pesquisadores, expressa na Carta Aberta enviada no final de agosto e que motivou a reunião com o MPor, era de que dragagens mais intensas trariam riscos ecológicos sobretudo no Tramo Norte, tido como o “coração do Pantanal”. A região abriga valiosas amostras da biodiversidade e de cenários do bioma em áreas protegidas como a Estação Ecológica Taiamã e o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense.
Para a pesquisadora Débora Calheiros, o projeto no Tramo Sul (cerca de 600 quilômetros entre Corumbá e a foz do rio Apa, na fronteira com o Paraguai) não oferece muita preocupação por já ser navegável por grandes comboios comerciais. Neste trecho, com profundidade variando entre 3 m e 3,20 metros, é possível a navegação de comboios com 290 metros de comprimento, 48 metros de largura, calado de 2,7 metros e capacidade para 24 mil toneladas, sendo necessário apenas dragagem de manutenção para garantir a navegabilidade durante todo o ano de maneira segura, evitando desta maneira possíveis impactos ambientais decorrentes de incidentes na navegação.
Atualmente a hidrovia do Rio Paraguai transporta cerca de 8 milhões de toneladas de carga por ano, sendo 75% formada por minério de ferro e 20% por soja. Por via rodoviária, seriam necessárias viagens com 200 mil caminhões para transportar este volume até o porto mais próximo, a 1500 quilômetros.
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