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Domingo, 06 de Outubro de 2024
Acúmulo de gelo é a tese mais factível para queda do avião da Voepass.

Brasil

Acúmulo de gelo é a tese mais factível para queda do avião da Voepass.

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Especialistas em acidentes aéreos ouvidos pelo Correio apontam que o acúmulo de gelo nas asas é a principal tese para explicar o motivo da queda do avião ATR da empresa Voepass, que fazia a rota entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), na manhã de ontem. Mas apenas esse fato, isoladamente, não é capaz de responder por que a aeronave caiu. Ainda há muitas dúvidas sobre por que os pilotos não adotaram uma medida básica de segurança, que é informar o controle de tráfego aéreo sobre anormalidades no voo. Não houve nenhuma comunicação entre a tripulação e a torre de controle do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Acúmulo excessivo de gelo em avião exige resposta rápida

(foto reprodução)

"Boletins meteorológicos indicavam formação severa, então, não dá para concluir que essa seja a causa do acidente. Contudo, a gente tem uma boa linha de investigação. O congelamento das asas e a formação de gelo na superfície da aeronave é uma linha muito forte de investigação", avaliou o perito aeronáutico Daniel Calazans.

No dia do acidente, os termômetros indicavam temperaturas extremamente baixas para esta época do ano nas regiões Sul e Sudeste. Para o especialista, a entrada de uma frente fria provocou uma alteração considerável das condições meteorológicas. "Na região em que ele estava voando teve, sim, formação de gelo, e outras aeronaves pediram desvio daquela região. Essa aeronave, não sabemos o porquê, não solicitou nenhuma mudança (de rota ou altitude)", disse o perito.

Calazans explica que havia "uma temperatura que propiciava a formação de gelo, então, (o piloto) tinha que abandonar aquela altitude e descer a níveis com temperaturas mais altas para evitar a formação de gelo".

A teoria do acúmulo de gelo também é vista por experientes pilotos da Força Aérea Brasileira (FAB) como a mais provável para explicar o desastre. Um alto oficial lembra, porém, que acidentes, geralmente, não acontecem por um único motivo. Fatores, como problemas mecânicos, elétricos e eletrônicos, assim como erro humano, também serão investigados.

Como cai um avião | Super

(foto reprodução)

Uma das questões mais importantes é responder por que o piloto não fez contato com a torre de controle de Guarulhos para relatar algum problema. "O avião, quando está prestes a entrar em estol (perda de sustentação), dá sinais ao piloto. E todos têm treinamento para sair dessa situação", disse. Ele lembra ainda que o ATR é uma aeronave com sistema anticongelamento. A análise dos dados do sistema operacional do avião, contidos em uma das duas caixas pretas recuperadas ontem, devem responder a essas perguntas.

A Voepass é uma companhia aérea parceira da Latam, com sede em Ribeirão Preto (SP). Atende a 47 cidades e herda a tradição da antiga Passaredo que, apesar de ser a companhia aérea mais antiga em atividade no país, entrou, em 2012, com processo de recuperação judicial para sanear uma dívida estimada em R$ 150 milhões. Em 2019, a companhia mudou de nome para Voepass após comprar a MAP, de transporte regional, que atuava no Norte do país.

Para o professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Gustavo Inácio de Moraes, é cada vez mais comum ver as grandes empresas aéreas brasileiras adquirirem companhias regionais. "Com o fenômeno 'pandemia', por incrível que pareça, a gente viu grandes empresas aéreas em dificuldades, mas as empresas regionais acabaram tendo uma expansão muito importante naquele momento. A aquisição da Voepass pela Latam é uma tendência geral de mercado que já se consolida no Brasil", avalia o professor.

"A aquisição da Voepass pela Latam é uma tendência geral de mercado que já se consolida no Brasil. A própria Gol vive em dificuldades financeiras públicas. Ela, também, já adquiriu várias empresas regionais. Então, tem sido uma estratégia generalizada a aquisição de empresas regionais por parte das grandes empresas brasileiras", acrescentou Moraes.

Gelo nas asas: entenda hipótese levantada por perito para explicar queda de  avião da Voepass em Vinhedo

(foto reprodução)

Voepass operante

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira, afirmou que o Ministério Público paulista participará das investigações sobre o acidente aéreo, mas, por ora, não vê motivo para interromper as atividades da Voepass. Questionado sobre a possibilidade de interromper as operações da companhia aérea, o procurador-geral classificou a medida como "muito prematura" e destacou que o foco é atender as vítimas. "Não surgiu nenhum elemento emergencial que venha a tomar qualquer atitude de interrupção das atividades", ponderou ele.

FONTE/CRÉDITOS: correio braziliense - foto reprodução
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