No meu livro “Com PASSOS e ABRAÇOS PEREGRINOS – Momentos e aprendizados nos caminhos”, entre tantos relatos, pude contar um pouco da minha passagem pelo Caminho de São Francisco de Assis em terras italianas do qual transcrevo esse pequeno trecho, página 108: “A beleza do Caminho começando na região da Toscana, atravessando toda a região da Umbria até finalizar no Vale do Rieti, por si só explica a maravilha da Mãe Natureza em toda a sua extensão. Privilégio maior não só em se aprofundar no conhecimento da rica e santa história do Pobrezinho de Assis como conhecer inúmeros locais que tiveram passagens marcantes na vida desse verdadeiro Homem sob o olhar de Deus transformado em Santo”. A partir daí, de mera admiração, a minha alegria e plena devoção por São Francisco de Assis.
(*Mariano Leal de Paula / foto reprodução)
E justamente no Monte Alverne (La Verna) na véspera da solenidade da Exaltação da Santa Cruz, São Francisco recebeu os estigmas, a tão almejada cruz de Cristo que como autêntico discípulo desejava ter e sentir o sofrimento que o nosso Salvador vivenciou na cruz.
E aqui vem a história.
Nesse livro tive a felicidade de colocar uma foto (página 19) que registrei no interior da majestosa Catedral de São Luiz, da cidade de Cáceres-MT, a eterna Princesinha do Paraguai, que na minha humilde visão retrata não apenas um simbolismo, mas a essência da fé de São Francisco de Assis com a Cruz de Cristo. Nessa foto tive a ousadia em colocar como legenda “olhar piedoso de São Francisco de Assis ao Cristo Crucificado”, uma vez que a escultura do bom santo num extremo está atrás do Altar em pé com o olhar para cima contemplando o Cristo Crucificado num belíssimo vitral, no outro extremo está São Luiz de França, ambos padroeiros da Matriz. Engraçado que fiquei apenas nesse simples detalhe sob um olhar peregrino.
Passado o tempo, numa reunião familiar, falando sobre a nossa Catedral, eis que surge uma questão que me deixou intrigado por não conhecer o porquê, é que existem comentários que esse belo Cristo Crucificado destoa por ter asas.
Mas para minha felicidade, até mesmo por não estar atrás desse motivo, passei um bom tempo a procura do livro “UMA IGREJA NA FRONTEIRA” de autoria de D. Máximo Biennès, T.O.R., um servo franciscano.
Para o deleite desse bom livro com toda a história e saga desse bispo que por várias décadas conduziu o seu rebanho em solo cacerense e paróquias de municípios vizinhos, assumindo em 1955 e já estabelecendo uma audaciosa meta da construção da Matriz o que ocorreu dez anos depois. Lendo o capítulo “Término das obras e inauguração da Catedral São Luiz” em sua página 295 nos revela esse pequeno texto: “Vista do exterior, a catedral de Cáceres continua apresentando-se como uma obra gótica, com sua fachada majestosa e as duas torres truncadas. Mas quem entra pela porta central descortina, surpreendido, um imenso espaço com uma grande nave, um amplo santuário encimado pelo Cristo do Alverno, o Serafim multicor com suas seis asas envolvendo-o”.
(foto reprodução)
Em apenas duas linhas um tom revelador.
É interessante que em outro livro “NAS PEGADAS DE SÃO FRANCISCO e hora de angústia entre os índios” também de autoria de D. Máximo Biennès T.O.R é feito esse breve relato na página 87: “…Meditando essas palavras, Francisco foi visitado por um homem pregado na cruz, com aparência de um serafim coberto de seis asas e que o olhava com bondade. Sentiu-se, nesta hora, dolorosamente ferido no seu corpo pelas chagas do Senhor Jesus na cruz…”
Essa linda e abençoada manifestação de D. Máximo vai ao encontro da extensa obra literária das antigas, século XIII, que são referências de testemunhas fiéis com tamanha credibilidade de escritos sobre a vida e história de São Francisco de Assis, tais como: “I FIORETTI de São Francisco de Assis”, “VIDA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, de Tomás de Celano”, “LEGENDA MAIOR Vida de São Francisco de Assis, de São Boaventura”, “LEGENDA DOS TRÊS COMPANHEIROS”, culminando com a coletânea “FONTES FRANCISCANAS E CLARIANAS” da Editora Vozes, que em sua Apresentação destaca a necessidade de adequação aos padrões internacionais das fontes franciscanas nomeou uma comissão para realização dessa grande obra com o propósito de ser o mais fiel aos originais das Fontes franciscanas.
Creio que aí está uma boa explicação, pois a congregação franciscana conduzida na época pelo D. Máximo, em momentos diferentes acompanhados pelos padres Paulo Cabrol, Elias Mas, Amadeu Taurines, entre outros, sempre presentes na evangelização do povo cristão de Cáceres. Cabe um singelo registro que na minha infância sob a condução da saudosa tia Fia, saindo da Escola Dom Galibert–Escola São Miguel, da austera Ir. Ana, passando pela pequenina Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro até chegar na Catedral, fui privilegiado em ser coroinha desses bons religiosos.
(foto reprodução)
Que DEUS na dor do Cristo Crucificado, no resplandecer do Cristo Alado, nos dê a Paz do Cristo Ressuscitado!
PAZ e BEM!
*Mariano Leal de Paula
Economista, peregrino e
funcionário público
aposentado.
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